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Galeria

Joelington Rios

Quilombola e artista visual. Atualmente, trabalha e mora entre o seu Quilombo no norte do Maranhão e no norte do Rio de Janeiro, onde desenvolve pesquisas no campo das artes visuais. Rios combina diferentes técnicas e práticas artísticas, misturando fotografia, vídeo arte, arte sonora, escultura e instalações. Sua pesquisa tem como objetivo revelar outras corporalidades, criar significado, ressignificar memórias e elaborar outras formas de existência.

Foi indicado ao Prêmio Pipa 2022. Recentemente participou de exposições importantes como "Um defeito de cor" – MAR- Muse de Arte do Rio, “Do meu lugar faço Movimento” – EAV-Parque Lage e " Arte como trabalho, estratégias de sobrevivência " - Museu de História e Cultura Afro-Brasileira.

Artista maranhense descortina a realidade carioca em fotos

“Existe um deslocamento agressivo, em que as pessoas vão até o outro lado para trabalhar. Foi quando comecei a pesquisa que chamo de ‘processo de sustentação’, em que noto como pessoas negras e faveladas carregam a cidade em suas cabeças.”

Nascia assim a série “O que sustenta o Rio”, em que o artista, hoje com 24 anos, mescla retratos de pessoas negras com imagens do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar. Bem recebidas, as obras do jovem já entraram para o acervo do Museu de Arte do Rio e foram apresentadas na última edição do Art Rio.

A série O que sustenta o Rio nasce do contato e da “experiência de corpo que se desloca e observa o que está ao redor,” escreveu Rafael Lopes em texto elucidativo, que as imagens de Rios “crônicas de uma cidade que ora vive de sua aparente estabilidade e paz e ora é sacudida pelas questões sociais inerentes a esse sistema que privilegia poucos em detrimento de muitos.”

Para o dito “fotógrafo quilombola” o Rio ideal, a Cidade maravilhosa, colide com a crise estrutural de grandes segmentos da população, o apartheid social gritante, a vida nua, a realidade frictiva da marginalidade social. O Rio de Janeiro tem uma avançada antropologia urbana crítica de sua situação urbanística que espelha a estrutura sócioeconômica que divide a cidade entre morro e asfalto, por ordenamentos de classes sociais, bairros e grupos sociais. A interação se dá pelo trabalho e pela praia, por exemplo. O termo a cidade partida se disseminou em 1994 com o livro de Zuenir Ventura, malgrado tudo a cidade não deixa de ser amada e cantada, para o bem e para o mal, pois seus moradores, como os personagens de Joelington Rios trazem o Rio na cabeça. É o Rio de Rios.

Paulo Herkenhoff

Curador e crítico de arte. Atuou como diretor cultural do Museu de Arte do Rio – MAR (2013-2016), diretor do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (2003-2006), curador adjunto no departamento de pintura e escultura do Museu de Arte Moderna de Nova York – MoMA (1999-2002), consultor da IX Documenta Kassel, na Alemanha (1991), curador chefe do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM-Rio (1985-1999) e curador da 24a Bienal Internacional de Arte de São Paulo (1998).

https://www.youtube.com/watch?v=5TH2Sssx6Ps
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